Destaques Rádio

Até Quando o Rádio Vai Estar Um Passo Atrás?

O rádio brasileiro precisa urgentemente adotar uma estratégia digital robusta e inovadora, em vez de tentar imitar a TV, para se manter relevante na era da comunicação moderna

O rádio brasileiro precisa urgentemente adotar uma estratégia digital robusta e inovadora, em vez de tentar imitar a TV, para se manter relevante na era da comunicação moderna

Nos últimos anos, enquanto a televisão avança em direção ao digital com a transição do analógico para a transmissão digital e, mais recentemente, com o lançamento da TV 3.0, o rádio permanece preso à frequência FM analógica. E sabe quando o rádio vai avançar para uma transmissão digital? Eu não sei.

Hoje, o setor televisivo já oferece não apenas uma transmissão digital de alta qualidade, mas também uma experiência completa de streaming, com aplicativos próprios, conteúdos on-demand e até produções exclusivas para que o público assista no horário que quiser. Em contraste, muitas emissoras de rádio ainda não têm sequer um aplicativo com streaming de qualidade. Esse contraste levanta uma questão incômoda: até quando o rádio vai continuar sendo o “primo pobre” da comunicação?

Mas você me aponta: “Cristiano, nós estamos dizendo que a rádio vai ter imagem, por isso vai ser a nova TV.”

Bom, então preciso te ensinar algo: ter imagem na internet não é ser TV. Existem linguagem, formato e estratégia nas publicações muito diferentes da TV, e se você erra, não alcança ninguém.

A transformação necessária para o rádio vai muito além de ter uma câmera no estúdio. Esse tipo de pensamento revela uma visão limitada, que não acompanha a evolução tecnológica. Se a TV é digital e já está no digital, e o rádio continua aspirando a ser TV, então estamos, na verdade, vários passos atrás. Essa falta de entendimento sobre o que realmente significa ser TV, ser rádio ou ser digital pode levar a estratégias equivocadas e, pior ainda, pode impedir que o rádio brasileiro alcance seu potencial no novo cenário da comunicação.

Quer outro exemplo do rádio estar um passo atrás?

O RDS, que poderia ser uma ferramenta poderosa para proporcionar uma experiência mais rica e informativa aos ouvintes, é muitas vezes utilizado apenas para colocar o nome da rádio, isso quando não colocam só a frequência, esquecendo que o rádio já mostra a frequência. Outro exemplo claro é quando uma emissora coloca informações técnicas como “CLASSE ESPECIAL” no RDS – algo que não faz sentido algum para o ouvinte e que, às vezes, confunde o público, até fazendo parecer que esse é o nome da rádio. Mas enfim…

O rádio precisa urgentemente adotar uma postura digital, não como um acessório, mas como o núcleo da sua operação e estratégia.

E claro que você pode me questionar: “Mas Cristiano, a Jovem Pan virou TV.”

Bom, muitos apontam que ela “virou TV”, mas isso é resultado de uma trajetória planejada e estratégica. A Jovem Pan consolidou-se primeiro como rádio, depois investiu com força no digital, criando uma base sólida e adaptada ao ambiente online. Com essa fundação bem estruturada, a expansão para o formato televisivo aconteceu naturalmente e com propósito. Hoje, a Jovem Pan integra rádio, digital e TV de forma coesa, com um modelo de conteúdo multiplataforma e uma presença consolidada no streaming e em seu próprio aplicativo.

A transformação digital no rádio não é tão complexa ou cara quanto muitos imaginam, mas exige uma mudança profunda de mentalidade. O rádio brasileiro tem um potencial gigantesco para se reinventar e se tornar relevante para o público moderno. No entanto, enquanto o setor insistir nesse pensamento pobre de querer “virar TV” sem entender o que realmente significa ser digital, continuará sendo o “primo pobre” no mercado da comunicação.

 

Sair da versão mobile